do livro
DIVERSÃO: ESSE NEGÓCIO
Luiz Angelo Pinto
PARA ONDE VÃO AS MÁQUINAS DE DIVERSÕES
GAMES NEWS Nº 40 - MAI/JUN/96
Uma máquina de diversões é constituída basicamente por dois elementos: uma parte material — gabinete com monitor, comandos etc. — e uma parte não material (o programa, o jogo, ou, em outras palavras, a informação).
Nos antigos equipamentos, essa separação não era muito nítida ou, as vezes, quase não existia. Num flipper eletromecânico, por exemplo, o que constituía o jogo era a própria disposição mecânica dos objetos — cogumelos, bumpers, alvos, flipers sobre um playfield levemente inclinado. O circuito elétrico controlador não fazia mais do que acionar contadores (mecânicos) de pontos e, cumpridas certas metas, dar uma bola ou partida extra.
Nos equipamentos atuais, a situação mudou completamente. O programa — a informação — é, definitivamente, a parte mais importante.
Diversão, hoje, tem tudo a ver com informação e comunicação.
Hoje, um "jogo" é um programa, uma peça de software.
A distribuição da informação, cada vez mais, vem se fazendo por meio de redes de computadores. Em pouco tempo não haverá outro caminho para a informação.
Telefone, televisão e computador, que surgiram isoladamente e em momentos diferentes, estão se unindo para formar um único objeto. A máquina de diversões estará também, fatalmente, integrada a esse objeto.
Já que há tecnologia para distribuir a informação por via eletrônica, não faz mais sentido imprimir um jornal sobre papel e distribuí-lo de caminhão pelas bancas de jornais e de casa em casa.
Com a atual rede de computadores de alta velocidade e alta definição não sei até quando será possível para a indústria de equipamentos de diversões produzir imensos gabinetes e transportá-los de local para local, de ponto para ponto, de lá pra cá, de cá pra lá.
Há uma diferença fundamental entre objetos materiais e objetos de informação. Os primeiros, conforme Nicholas Negroponte, são os compostos por átomos, a unidade mínima de matéria; os segundos, compostos por bits, a unidade mínima de informação.
Os primeiros, alimentos por exemplo, serão sempre transportados por caminhões, trens, navios, aviões. Não há outro jeito. Os últimos — objetos de informação — serão, dentro de pouquíssimo tempo, transportados exclusivamente por via eletrônica.
Não há porque guardar música num CD e transportar o CD, guardar e transportar filmes em videocassetes, textos ou imagens em livros, revistas ou jornais de papel. Tudo isso pode ser armazenado e transportado sob forma digital por meios eletrônicos. E aqui se inclui boa parte de todos os equipamentos de diversões.
Um local de diversões dentro de pouco tempo, provavelmente, será um conjunto de terminais com monitores e painéis de comandos. Os jogos chegarão a esses pontos por via eletrônica. Não haverá mais necessidade de trocar placas ou trocar cartuchos. Tudo será controlado por uma central que poderá estar em qualquer lugar do mundo.
Está certo. Isso parece conto de ficção científica. Mas a história não acaba aqui, nem essa é, necessariamente, toda a verdade.
É
difícil precisar com antecedência onde estará e como será o local de diversões nos próximos anos.Uma coisa, no entanto, podemos desde já adiantar: qualquer local de diversões deverá diversificar tanto quanto possível o seu equipamento. As máquinas do tipo videogame estão condenadas — em breve serão substituídas por terminais. Os outros equipamentos serão as atrações que levarão as pessoas aos locais de diversões para brincar com alguma coisa que não possa ser recebida por seus computadores.
Permanecerão os equipamentos de diversões que tenham, ao menos em parte, estruturas mecânicas ou eletromecânicas irredutíveis a formas eletrônicas.
Permanecerão também, como há muito tempo vêm permanecendo aqueles objetos mecânicos que não dependem de programas — uma mesa de bilhar, um pebolim, a roda gigante, um carrossel de cavalinhos rodando ao som de velhas canções tocadas por realejos.
O fascínio da mesa de bilhar com suas bolas coloridas correndo sobre o feltro verde e o prazer de, com uma boa tacada, encaçapá-las será, para todo o sempre, insubstituível.