LUDENS  VIDEOGAME
DIVERSÃO É O NOSSO NEGÓCIO


Home
LUDENS
REVISTAS INTERNACIONAIS
FEIRAS INTERNACIONAIS
NOTÍCIAS
LEGISLAÇÃO
NOSSA OPINIÃO
DIVERSÃO: ESSE NEGÓCIO
ESPAÇO ABERTO
FÓRUM
 
 Anterior Próxima                       

do livro
DIVERSÃO: ESSE NEGÓCIO
 Luiz Angelo Pinto

 

O CASO DOS BINGOS
ou
O GOL CONTRA DO PELÉ

GAMES NEWS Nº 31 - NOV/DEZ/94

 

Afinal por que e para que toda essa hipocrisia, toda essa má fé quando se fala sobre o jogo no Brasil?

Uma lei de 1946, sancionada por um general-presidente mal informado e de curta visão, proibiu o jogo no Brasil. Fechou cassinos, desempregou gente e empurrou para a clandestinidade um setor que vinha se organizando, criando know-how e criando mercado. Tudo isso em nome de uma duvidosa moral.

Agora é a vez do bingo. É, e sempre foi, um jogo popular no Brasil. Está presente em qualquer festinha de igreja de interior. Nunca pôde no entanto se organizar como empresa porque o jogo, bem, o jogo, é proibido no Brasil...

Em 1993, a Lei Zico, com o objetivo de criar recursos para o esporte, abriu uma brecha permitindo a instalação de salões de bingo não clandestinos. Os clandestinos, convém lembrar, sempre funcionaram. A lei pode não ser um primor. Cria limitações descabidas: só pode salão para no mínimo 500 pessoas sentadas. Isso, é claro, começa por impedir que pequenos clubes com poucos recursos abram seus próprios bingos.

A instalação de um bingo exige altos investimentos, tecnologia adequada - todo processo de operação e controle deve ser informatizado -, pessoal treinado, promoção etc. Bingo não é brincadeira.

Tudo isso só pode ser feito por empresas especializadas e por investidores dispostos a correr os riscos inerentes a qualquer empreendimento.

Os clubes, na sua grande maioria, não dispõem de recursos nem tecnologia para implantação, operação, administração e promoção de salões de bingo. Só podem, portanto, recorrer a quem tem o dinheiro e a tecnologia. E ninguém dá dinheiro ou tecnologia de graça.

Os clubes na verdade não entram com coisa nenhuma a não ser o nome e o "direito" de explorar o bingo criado pela Lei Zico. Não correm nenhum risco. Tudo que vier é lucro.

Os investidores ganham, sim, e os administradores, também. Quanto eles ganham é determinado por rigorosas leis de mercado. Como em qualquer outro ramo de atividade, os primeiros bingos terão alta rentabilidade, acima da média dos outros setores. Na medida em que se abrem novas casas a rentabilidade cai para a média do mercado. Isso não é novidade. Ricardo - que não era jogador de futebol - no seu clássico Princípios de Economia Política e de Tributação (1817) já conta essa história.

Mas se o Pelé entrar na história e chutar contra as leis de mercado, impedindo ou dificultando a criação de novos bingos, aí sim a rentabilidade dos primeiros e únicos bingos permanecerá alta. Então eu pergunto: a quem interessa neste momento criar dificuldades? Aos bingos que já estão instalados e não querem concorrentes? A alguém interessado em vender facilidades?

Vamos ver como a coisa anda para ver como a coisa fica.

 
Se você tem perguntas ou comentários a fazer sobre este web site, por favor, mande um e-mail para ludens@ludens.com.br
If you have any questions or commentary about this web site send a e-mail to ludens@ludens.com.br
última modificaçao: October 24, 2001