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do livro
UMA VIOLÊNCIA... GAMES NEWS Nº 52 -JUL/AGO/98
1. CAVALO COME DAMA Muita gente fala errado: "cavalo come dama". Quem conhece um pouco do jogo de xadrez sabe que o correto é "cavalo toma dama". Mas, de qualquer maneira — comendo ou tomando — essa relação entre um cavalo e uma dama é indiscutivelmente uma violência. A Lei nº 2.918 decretada pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e sancionada pelo governador em 20 de abril diz no seu artigo primeiro: "Fica proibido em todo o território do Estado do Rio de Janeiro a prática de jogos e brinquedos de diversão para menores de 18 anos em máquinas de fliperama, jogos de realidade virtual e simuladores que contenham qualquer modalidade de luta ou que estimulem a violência". O jogo de xadrez, que pode ser classificado como uma simulação de luta, deve portanto ser proibido para menores de 18 anos em todo o Estado do Rio de Janeiro.
2. SOBRE A VIOLÊNCIA E A BURRICE
A Lei nº 2.918 a que me refiro acima é antes de mais nada uma lei idiota. Peca por burrice. Proibir simulação de luta numa telinha de videogame é não ter entendido nada de coisa nenhuma. Os jogos de videogame se utilizam de uma simulação de violência. O que constitui problema é a violência e não a sua simulação. E não me venham com essa conversa mole de que devemos proibir tudo que supostamente "induz à violência". É muito difícil, se não impossível, estabelecer com alguma precisão o que induz à violência. Sabemos simplesmente que a violência se acirra em determinadas épocas, lugares, situações. Sempre que tentamos "explicá-la" caímos em suposições, lugares comuns, pseudo argumentos e modismos de duvidosa orígem sociológica ou psicológica. Proibir jogos de videogame para diminuir a violência ou "proteger" os menores é, além de burrice, descarada hipocrisia. E tem mais. Se essa lei não tivesse sido proposta e aprovada por digníssimos deputados poderíamos até pensar que foi criada para ser usada como instrumento de chantagem e extorsão. Poderíamos até pensar que os honrados deputados responsáveis por essa lei estariam somente usando a velha fórmula de criar dificuldades para depois vender facilidades. Poderíamos pensar que se trata somente de uma das muitas formas de arranjar alguma verbinha extra para campanha eleitoral neste ano de eleições. Mas isso, repito, se os responsáveis pela apresentação e aprovação não fossem honrados, honestos e dignos deputados de ilibada reputação e acima de qualquer suspeita. De qualquer maneira é melhor acreditarmos na burrice que, afinal, não é crime... Agora, falando a sério: não há por quê discutir nem o que discutir sobre esta lei malandra e irresponsável. O melhor a fazer é tomar as medidas judiciais cabíveis para derrubá-la e jogá-la no lixo, como já foi feito com outros monstrengos do mesmo jaez.
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