do livro
DIVERSÃO: ESSE NEGÓCIO
Luiz Angelo Pinto
TRABALHO E LAZER
GAMES NEWS Nº 31 - NOV/DEZ/94
A revolução tecnológica que estamos vivendo tem como principal característica o aumento da produtividade. Hoje há condições de se produzir com menor desperdício de tempo e de matéria-prima. Há condições de se produzir com maior qualidade e com menor custo.
A primeira conseqüência disso e, talvez, a mais importante sob o ponto de vista social é: REDUÇÃO DRÁSTICA DO NÚMERO DE HORAS NECESSÁRIAS DE TRABALHO. Esse fenômeno se manifesta primeiro sob a forma de desemprego. Mas, pensando no processo em sua totalidade e a médio prazo, isso fatalmente redundará numa redistribuição do trabalho. Isto é: o número de horas de trabalho a ser exigido de cada um será cada vez menor para se produzir a mesma quantidade de bens. Na verdade esse processo já vem ocorrendo desde os primórdios da Revolução Industrial quando um operário chegava a trabalhar até 14 ou 16 horas por dia. Quem leu O Capital sabe a história das lutas por menor jornada de trabalho.
As lutas e as "conquistas trabalhistas" eram na verdade pura e simples decorrência da implantação de novas tecnologias que requeriam menor tempo de uso da mão-de-obra.
O processo é sempre o mesmo. A diferença é que hoje isso tudo está acontecendo de forma mais rápida.
A tecnologia, com o advento da informática, de novas técnicas administrativas e novas técnicas de controle de produção, desde Juran e Deming, se modifica mais rapidamente e obriga - literalmente obriga - a sociedade toda a se adaptar a uma nova situação: menor jornada de trabalho e, conseqüentemente, aumento do tempo livre - AUMENTO DO TEMPO DISPONÍVEL PARA LAZER..
Sim, finalmente falamos do lazer.
Agora então chegamos à hora e à vez do empresário de diversões e do investidor.
É claro, para quem tiver entendido o processo descrito acima, que necessariamente capitais vão fluir, e já estão fluindo, para o setor de diversões e que o empresário do ramo deve estar preparado para isso. E, digo mais, deve estar preparado e adequado às novas tecnologias. Quem tentar continuar a trabalhar de forma artesanal acabará, em pouco tempo, fora do mercado.
Só para lembrar: no Japão, hoje, se investe pesado na área de lazer. Países que há poucos anos compunham a União Soviética e que orientavam sua economia quase somente em função do trabalho, hoje começam a modificar rumos e abrir desde cassinos até os mais variados tipos de centros de lazer.
Em poucas palavras, quem quiser continuar no negócio de diversões deve estar atento à virada deste fim de século: maior tempo disponível para lazer, capitais fluindo para o setor de diversões, novas tecnologias expulsando as antigas.
Repito: ficará no mercado quem primeiro tomar consciência de tudo isto.
É só. E não é pouco.